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Botchan

Botchan

Autor: Natsume Soseki

Editora: Estação Liberdade

Sobre

Ao pensar em uma pessoa intensa no amor e no ódio, imprudente, impaciente e que não perde a oportunidade de entrar em uma briga, certamente vou me lembrar do Botchan, protagonista deste livro.


Publicado pela primeira vez em 1906, “Botchan” apresenta a história de um rapaz de 23 anos de Tóquio que, após a morte dos pais, muda-se para o interior com o intuito de trabalhar ensinando matemática em uma escola.


Quando esse jovem da metrópole chega à  pequena ilha de pescadores, precisa lidar com uma realidade muito diferente. Afinal, além de conviver com o oposto da modernidade à qual estava acostumado, ele precisa resolver seus problemas sozinho, sem a ajuda de Kiyo, uma criada que serviu sua família por muitos anos e o tinha em alta conta.


Botchan não consegue lidar com infortúnios de forma racional. O rapaz sempre tenta resolver os seus problemas da maneira mais ignorante e imatura possível.


Esse jovem está cercado de alunos que não nutrem o mínimo de respeito por ele. Como se não bastasse, o recém-chegado tem de lidar com uma equipe de professores mesquinhos e vaidosos.


Desprovido de destreza social, o ingênuo protagonista enfrenta várias situações em que é motivo de troça dos alunos e manipulação dos seus colegas de trabalho.

Considerações

Natsume Soseki (1867-1916) foi um escritor japonês que viveu na Era Meiji (1868 – 1912), um período de intensa transformação no Japão, marcado por reformas políticas, econômicas, sociais e culturais. Essas mudanças foram responsáveis por industrializar e modernizar o país. Uma das muitas características da Era Meiji foi a influência cultural do Ocidente.


Nesse livro, além de apresentar de uma forma bem-humorada e ácida as problemáticas desse jovem ingênuo e impulsivo, o autor consegue pintar um cenário no qual podemos ter uma perspectiva dessas reformas no país.


Uma curiosidade sobre o autor: existe uma lenda de que Soseki traduziu “I love you” como “A Lua está linda”. A expressão seria uma forma mais sutil de expressar os sentimentos. 


Apesar da falta de comprovação, o fato é que a frase é muito usada na cultura pop japonesa. Após descobrir essa informação, fiquei pensando em quantas referências devo ter perdido em filmes, animes e doramas.


Se você curtiu esta ideia sobre "Botchan", então vai gostar de "Relatos de um gato viajante"!

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