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O Nariz

Imagine acordar e perceber que o seu nariz sumiu. Isso mesmo, ver que seu nariz desapareceu e ter no lugar dele uma espécie de panqueca. Pior do que isso, encontrá-lo passeando por aí e descobrir que ele "venceu na vida" antes de você. Pois bem, Kovaliov é um homem que perdeu o nariz e está desesperado para recuperá- lo. Continue a leitura e confira algumas considerações sobre o livro. Considerações “O Nariz” apresenta um enredo que logo desperta curiosidade pela situação inusitada. Afinal, temos um nariz independente do corpo, que é muito esnobe e afirma não conhecer o seu dono. Por outro lado, em se tratando de presunção, Kovaliov não ficava para trás. No conto, o protagonista era assessor colegial, mas chamava a si próprio de major, visto que o título era mais imponente.  Além disso, havia um sentimento forte de indignação do protagonista. Pois, onde já se viu, um homem como ele - que tinha em vista o cargo de governador e era popular entre as damas - ficar sem o nariz? O

Amêndoas

Sobre Yunjae nasceu com alexitimia, uma condição neurológica na qual a pessoa enfrenta dificuldade para detectar e expressar sentimentos.  Com esse cenário em mente, não é difícil imaginar quão complicado era para esse garoto estabelecer conexões a ponto de conseguir fazer amigos. A sorte de Yunjae foi poder contar com o amor e apoio de sua mãe e avó.  Contudo, com apenas 16 anos, esse jovem vê o seu mundo desmoronar. A partir desse acontecimento, ele vai precisar aprender a lidar com pessoas e sobreviver em um mundo complicado, ao mesmo tempo em que luta para compreender o que acontece dentro de si. “Ninguém consegue parar o tempo, e as pessoas passam por muita coisa na vida.” Considerações A escrita de Won-pyung Sohn é comovente e transborda empatia, pois a narrativa permite ao leitor se conectar de forma profunda com o protagonista, tão profunda a ponto de se colocar no lugar dele. Isso, por si só, já me deixou impressionada. Afinal de contas, estou falando de um livro narrado por u

Diário de um homem supérfluo

A duas semanas da própria morte, Tchulkatúrin decide escrever um diário íntimo para contar a si mesmo toda a sua vida. Ao pensar sobre o passado, esse jovem à beira da morte revela não ter encontrado um lugar no qual pudesse se encaixar. Também confessa sentir a ausência de um papel significativo no mundo para ele. Reconhecendo sua própria condição, não faltaram argumentos para consolidar uma resolução sobre si, a de que era um homem supérfluo. “... de um modo geral, não sou nenhum tolo; às vezes até me vêm à mente ideias bastante engraçadas e não de todo banais; mas, como sou um homem supérfluo e tenho um cadeado interno, para mim é apavorante expressar meus pensamentos, tanto que sei de antemão que hei me expressar de modo sofrível .” Nem acredito que finalmente criei coragem para conhecer a literatura russa. Confesso que nunca tentei ler, pois havia colocado na minha cabeça que era muito difícil e não conseguiria entender nada. (Por que a gente é assim?) Tenho certeza de que a exper

Quero comer seu Pâncreas

Em um primeiro momento, você pode até estranhar o nome do livro, mas tenho certeza que será impossível não se emocionar quando descobrir o que ele representa. “Certo dia, eu, um garoto do colegial, encontrei um livro enquanto estava no hospital cujo título era “Convivendo com a Morte”. Esse livro era um diário secreto escrito pela minha colega de classe Sakura Yamauchi onde ela escreveu que já não tinha mais tanto tempo de vida devido à sua doença no pâncreas…” No começo da leitura, a gente já sabe que a Sakura morreu. A partir desse ponto, voltamos no tempo para acompanhar o desenrolar dos acontecimentos até o falecimento. É por meio do olhar desse garoto reservado e com dificuldade de socializar que conhecemos a história desses dois e entendemos o impacto dessa relação na vida dele. Se você leu até aqui com um pouco de atenção, percebeu que não citei o nome do protagonista.  Sobre isso, a única coisa que posso adiantar é que você só vai ter acesso a essa informação quando estiver se

A abadia de Northanger

Sobre Catherine Morland é uma jovem ingênua com a mente ocupada pelas histórias de suas leituras.  As aventuras reais dessa protagonista começam quando ela tem a oportunidade de sair da sua rotina no interior e passar uma temporada em Bath, uma região badalada e frequentada pela elite inglesa. Durante essa estadia, a jovem faz algumas amizades, especialmente com a família Tilney, de quem recebe um convite tentador: passar um tempo com eles em uma abadia. As abadias eram construções presentes nos livros de Catherine. E esse quesito foi o suficiente para nutrir a imaginação da moça e fazer sua cabeça criar mistério, terror e até uma acusação que, na mente dela, fazia todo sentido. Afinal, a recente hóspede já tinha visto situações como aquela em seus livros.  Considerações Bem, de todos os romances que li da autora (Orgulho e Preconceito, Emma, Razão e Sensibilidade e Persuasão) A abadia de Northanger , sem dúvida, foi o mais divertido e diferente. A obra traz um narrador que conversa co

Árvore e Folha

Confesso que tentei escrever uma resenha de Árvore e Folha , mas não gostei do resultado. Seja por uma limitação pessoal ou qualquer outra razão, cheguei à conclusão de que tudo o que havia colocado no texto foi insuficiente em relação à experiência fantástica que tive ao ler a obra. Entretanto, coisas boas precisam ser compartilhadas, certo? Por isso, separei um dos meus trechos favoritos. Confira!  “É a marca de uma boa estória de fadas, do tipo superior ou mais completo que, por mais selvagens que sejam seus eventos, por mais fantásticas ou terríveis que sejam as aventuras, ela consegue dar à criança ou ao homem que a ouve, quando a “virada” vem, um prender da respiração, um bater e soerguer do coração, próximo (ou mesmo acompanhado) das lágrimas, tão penetrante quanto o oferecido por qualquer forma de arte literária e possuidora de uma qualidade peculiar.” Árvore e Folha apresenta 4 trabalhos de J.R.R. Tolkien:  "Sobre Estórias de Fadas" - um ensaio no qual o auto

Ela e o seu Gato

História: Makoto Shinkai Arte: Tsubasa Yamaguchi Páginas: 216 Editora: NewPOP Sobre Era início da primavera e estava chovendo no dia em que a jovem Miyu acolheu o gato Chobi. Tendo esse encontro como ponto de partida, passamos a acompanhar o cotidiano dessa mulher por meio do olhar puro e descrições sem julgamentos desse gatinho. É então que nos deparamos com questões que fazem parte do processo de amadurecimento e da vida adulta, como trabalho, responsabilidades, alegrias, frustrações, amizades e sentimento de solidão. ” Um gato e uma garota que mora sozinha se conhecem na primavera… ao viver sozinha, ela aprende a alegria e a solidão de ser independente, enquanto o gato, que recebeu o nome de Chobi, descobre a existência do mundo através dessa garota. O tempo desses dois passa lentamente, mas a severidade do mundo acaba por alcançá-la… ” Considerações Esse foi o meu primeiro contato com a obra do Makoto Shinkai e só posso dizer que me senti emocionada lendo esse mangá. A maneira sens

Cristianismo Puro e Simples

Autor: C.S. Lewis Páginas: 288 Editora: Thomas Nelson Brasil Cristianismo Puro e Simples reúne o conteúdo de palestras ministradas por C. S. Lewis para a BBC durante a Segunda Guerra Mundial , além de adições feitas pelo próprio autor. Logo nas primeiras páginas, Lewis deixa bem claro que a sua intenção não é falar de Teologia, mas sim apresentar ao leitor o Cristianismo em sua essência.  O grande diferencial dessa obra, a meu ver, é que o autor não tenta nos convencer a todo custo a aceitar suas convicções. Ele apresenta argumentos racionais que nos fazem embarcar em uma jornada intelectual para compreender a fé Cristã. Eu não tenho a pretensão de detalhar essa obra aqui para você, querido leitor, pois tudo o que eu escrever será pouco, comparado à experiência de fazer essa leitura.  Contudo, o que posso dizer é que esse livro me ajudou a entender a fé de maneira racional. Afinal, a forma como C. S. Lewis expõe suas ideias incentiva qualquer um a conhecer as bases do cristianismo.

Por favor, cuide da mamãe

Autora: Kyung-Sook Shin Páginas: 235 Editora: Intrínseca Sobre Em Por favor, cuide da mamãe , acompanhamos a história do desaparecimento de uma senhora de 69 anos, Park So-Nyo. Essa mulher estava a caminho da casa de um dos seus filhos quando se perdeu do marido na estação de metrô de Seul. Park So-Nyo era casada há mais de 50 anos e tinha 5 filhos. Quando se depara com o desaparecimento, a família se vê confrontada com uma profunda culpa e tristeza por ter demorado tanto tempo para enxergar de uma maneira diferente a pessoa que estava o tempo todo ao seu lado. Considerações Sabe aquele livro que você termina de ler e pensa que todo mundo deveria conhecer? Pois bem, foi exatamente o pensamento que tive após concluir essa leitura. A obra desperta questionamentos sobre como temos tratado as pessoas mais próximas, especialmente nossas mães. É um livro sobre olhar para a humanidade dessas pessoas e perceber que elas também precisam ser cuidadas, amadas e ouvidas. E não pense que você conse

Relatos de um gato viajante

Autora: Hiro Arikawa Tradução: Rita Kohl Editora: Alfaguara Sobre Há cinco anos, Satoru Miyawaki adotou um gato de rua. Devido ao rabo dobrado em formato de sete, deu ao seu mais novo amigo o nome de Nana, “sete” em japonês. Mas, por um motivo que não quer revelar, Satoru não pode continuar a cuidar de Nana e precisa encontrar um novo lar para o gatinho.  Para isso, ele procura amigos que fizeram parte de várias etapas de sua vida.  Ao acompanhar a viagem para reencontrar cada uma dessas pessoas, conhecemos a história de vida desse homem e descobrimos quão sincero é o amor de Nana por seu dono. “ Ninguém sabe muito bem o que está acontecendo e Satoru não diz nada, mas quando Nana descobrir o motivo da viagem, seu pequeno coração passará por uma das mais difíceis provas de suas sete vidas.  Narrado em vozes alternadas, esse romance emocionante e divertido nos mostra um jovem de grande coração e um narrador-gato muito esperto, numa amizade que desafia as fronteiras de um país e da própri

Querida konbini

Autora: Sayaka Murata Páginas: 152 Editora: Estação Liberdade Sobre Keiko Furukura é uma mulher de 36 anos que trabalha há 18 em uma loja de conveniência (conhecida como Konbini, no Japão) e nunca teve um relacionamento romântico. Apesar de se sentir confortável com a sua escolha, as pessoas à sua volta se sentem incomodadas e não deixam de enfatizar o quanto seria melhor se ela encontrasse um trabalho mais “adequado” e se casasse. Desde os tempos da escola, Keiko é considerada estranha. Por isso, aprendeu a observar e copiar o jeito de agir das pessoas consideradas “normais”.  Ao conhecer a forma de pensar e a maneira de encarar a vida da protagonista, damos início à tarefa de olhar para nós mesmos e questionar o que, de fato, é ser normal. Continue a leitura e conheça mais detalhes da obra. Considerações Querida Konbini é um romance rapidinho de ser lido e propicia reflexões interessantes sobre como escolhemos levar a nossa vida. Afinal, estamos vivendo a vida que gostaríamos de ter