Pular para o conteúdo principal

O Nariz

O Nariz

Imagine acordar e perceber que o seu nariz sumiu.


Isso mesmo, ver que seu nariz desapareceu e ter no lugar dele uma espécie de panqueca. Pior do que isso, encontrá-lo passeando por aí e descobrir que ele "venceu na vida" antes de você.


Pois bem, Kovaliov é um homem que perdeu o nariz e está desesperado para recuperá- lo. Continue a leitura e confira algumas considerações sobre o livro.


Considerações

“O Nariz” apresenta um enredo que logo desperta curiosidade pela situação inusitada. Afinal, temos um nariz independente do corpo, que é muito esnobe e afirma não conhecer o seu dono.


Por outro lado, em se tratando de presunção, Kovaliov não ficava para trás. No conto, o protagonista era assessor colegial, mas chamava a si próprio de major, visto que o título era mais imponente. 


Além disso, havia um sentimento forte de indignação do protagonista. Pois, onde já se viu, um homem como ele - que tinha em vista o cargo de governador e era popular entre as damas - ficar sem o nariz? O certo mesmo, na mente dele, era outra pessoa passar por isso.


Pois bem, ao ler “O Nariz”, fica impossível não refletir sobre vaidade, egocentrismo e superficialidade. 

 

Após concluir a leitura, não parei de pensar no esforço que fazemos para manter a nossa relevância social e em como nos apegamos a títulos, likes, bens materiais e vida de aparências para nos validar socialmente.


E tudo isso me levou a um questionamento: o que sobra quando nos despimos desses aparatos? Mais ainda, em que lugar estamos depositando nosso senso de valor?


Por fim, quero recomendar essa edição da Antofágica. Porque, além dos textos de apoio, o leitor conta com o acesso a duas videoaulas, essenciais para uma compreensão mais profunda dos cenários histórico e social.


“Publicado em 1836, este conto reúne o que há de mais marcante na escrita de Nikolai Gógol: a comédia, a cultura popular, a sátira política e a crítica à burocracia. A insólita história de um duplo, permeada pelo fantástico, absurdo e pelo grotesco, tem como cenário a fria e burocrática cidade de São Petersburgo.”


Curtiu esta ideia sobre “O Nariz?” Se sim, aproveite a visita e leia também “Diário de um homem supérfluo”!


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Morte de Ivan Ilitch

Ivan Ilitch alcançou um estágio na vida em que estava casado, tinha filhos, contava com um bom emprego, desfrutava de conforto e cultivava relações sociais importantes. Observando superficialmente a vida desse homem, é praticamente impossível não pensar que ele alcançou a realização pessoal. Contudo, o que ninguém imagina é que por trás desse cenário existe um marido infeliz, um homem que chegou a ter o trabalho como um meio para não precisar lidar com a esposa e suas reclamações, alguém com muitos conhecidos, mas talvez nenhum amigo. Apesar de uma vida vazia e mentirosa, Ivan Ilitch só conseguiu enxergar a pobreza da própria existência quando foi surpreendido por uma doença fatal.  Diante desse sofrimento, esse homem à beira da morte encontrou algum consolo na amizade de Guerássim, um indivíduo simples que trabalhava como ajudante de copeiro em sua casa. E o que mais surpreendia Ivan era como esse jovem humilde encarava a vida. Em seus últimos dias, ele também passou a encontrar algu

Saber Envelhecer

Com a valorização excessiva da juventude em nossa sociedade, não é raro encontrar indivíduos apreensivos diante do envelhecimento. Afinal, essa fase da vida muitas vezes está associada à perda de vitalidade, declínio físico e saúde frágil. Mas os receios diante do acúmulo de tempo vivido não são exclusividade dos indivíduos dos tempos modernos. Pois, mesmo com todo o respeito aos idosos, os antigos também enfrentavam temores em relação ao envelhecimento. Em “Saber Envelhecer", Cícero (106 a.C. — 44 a.C.) apresenta uma obra dedicada à velhice na qual discorre sobre temas relacionados ao avanço da idade. O autor aponta a terceira idade como uma necessidade da natureza e apresenta argumentos que rebatem os principais medos conectados a esse período da vida. Cícero destaca que, em todas as estações, é possível encontrar satisfação, pois cada fase possui suas qualidades próprias, e o que devemos fazer é saber apreciar cada uma no tempo apropriado.  Em “Lélio, ou A Amizade”, o leitor se

5 livros para ler em um dia e sair da ressaca literária

Não é novidade que o hábito da leitura, além de prazeroso, tem o poder de nos transformar de forma muito profunda. Contudo, há momentos em que a ressaca literária chega. Para quem não sabe, trata-se de nada mais nada menos do que a falta de entusiasmo para ler. Geralmente, ocorre depois que lemos um livro tão bom, mas tão bom, que encontramos dificuldade para nos conectar a outros enredos. E, quando passamos por essa situação, a última coisa que desejamos fazer é pegar um livro de 1500 páginas para ler, não é mesmo? Pois bem, para te dar uma forcinha, separei 5 dicas de leituras rapidinhas para sair da ressaca literária. Acompanhe! 1. Domine o Hábito da Escrita S.J. Scott É um ótimo livro para quem deseja destravar a escrita e inserir de vez o hábito no dia a dia. A linguagem é acessível, os capítulos são dinâmicos e apresentam dicas muito úteis e fáceis de colocar em prática. 2. Maldito Beijo! Renata Lustosa Se você gosta de tramas divertidas, tenho certeza que amará essa leit