Em “Um experimento em crítica literária”, C. S. Lewis desafia conceitos estabelecidos e propõe uma perspectiva diferente sobre a análise literária ao lançar luz na relação que o leitor estabelece com o livro.
Ao longo dos capítulos, o autor chama a atenção para duas ações: usar e receber uma obra de arte. Nesse sentido, ele explica que usar a arte é como falar quando se deve ouvir ou dar quando se deve receber. Mas Lewis também complementa que não devemos ser espectadores passivos, mas ser obedientemente ativos em nossa imaginação, de forma a captar a proposta do artista.
Um capítulo que chamou bastante minha atenção foi o “A respeito do mito”, no qual o autor apresenta uma compreensão que vai além do sentido antropológico. O intuito do ensaio não é estabelecer um critério para classificar histórias em míticas ou não míticas, e sim focar no modo de ler. Dessa forma — neste livro — uma história, para ser considerada um mito, depende do efeito que causa no leitor. E esse efeito não envolve uma simples curiosidade ou emoções superficiais, mas uma experiência majestosa e inspiradora.
“Bem além de qualquer dúvida, o mesmo livro pode ser uma mera "fábula" emocionante para um e veicular um mito, ou algo como um mito, para outro. A leitura de Rider Haggard é especialmente ambígua quanto a esse respeito. Se você se encontrar com dois garotos lendo seus romances, você não poderá concluir que estão tendo a mesma experiência. Enquanto um se concentra apenas no perigo que os heróis correm, o outro pode sentir o que é "assombroso". Enquanto um se apressa por curiosidade, o outro pode pausar para contemplar. [...] Ao ler Haggard, sente que "Eu nunca vou conseguir sair disso. Isso nunca vai escapar de mim. Essas imagens deitaram raízes profundas bem abaixo da superfície da minha mente".”
"Um experimento em crítica literária” é aquele tipo de leitura que pode ser um divisor de águas na vida de um leitor. C. S. Lewis destaca que, para que seja possível receber uma obra e compreender a proposta do autor, o ato de ler requer silêncio interior e esvaziamento.
“Estamos tão ocupados fazendo coisas com a obra de arte que damos a ela pouca oportunidade de nos afetar. Então, cada vez mais, só encontramos a nós mesmos.”
Se você curtiu esta ideia sobre "Um experimento em crítica literária" aproveite a visita e leia também "O gato que amava livros"!
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