“Abismo”. Na maioria das vezes em que lia ou ouvia algo a respeito da obra de Dostoiévski, percebia que essa palavra estava presente. Claro que me sentia intrigada, mas só pude ter a mínima noção do que se tratava quando terminei essa leitura.
Em “Memórias do subsolo", conhecemos a mente de um homem e alguns fatos de sua vida narrados sob seu ponto de vista.
O homem do subsolo se considera mais inteligente do que muitas pessoas. Além disso, ele gosta de subjugar moralmente alguns indivíduos. Ainda assim, na sua perspectiva, as pessoas devem se sentir felizes por ter a honra da sua ilustre presença.
Em contrapartida, o narrador é um homem que se sente insignificante. Suas ações são guiadas pelo rancor. Vaidade, inveja e raiva também acompanham sua rotina. E, quando as emoções baixas se fazem ausentes, ele encontra uma forma de senti-las novamente. Afinal, para esse sujeito, essa é uma forma de experienciar a vida e sair da inércia destinada às pessoas como ele, as de consciência elevada.
“Memórias do subsolo” está dividido em duas partes. Na primeira, aos 40 anos, o narrador apresenta seus pensamentos, seus conflitos internos e até explica como uma pessoa pode fazer escolhas desagradáveis para si espontaneamente. Na segunda parte, acompanhamos três situações vividas por ele aos vinte e poucos anos.
“Eu me entreguei à devassidão no isolamento, à noite, em segredo, com medo, de modo sórdido, com vergonha, uma vergonha que não me largava nos momentos mais detestáveis e que, em tais momentos, chegava até à maldição. Já nessa altura, eu carregava na alma o meu subsolo.”
Por meio do paradoxo de pensamentos e atitudes desse homem afetado, Dostoiévski rebate as filosofias estrangeiras que estavam em ascensão no seu país. Essas filosofias eram voltadas para a razão excessiva. Nesse sentido, “Memórias do subsolo” apresenta uma narrativa que explora a complexidade do comportamento humano e ilustra os efeitos dessas visões de mundo por meio da angústia, desespero e ausência de sentido para a vida.
“Lançado originalmente em 1864, enquanto Dostoiévski morava em Moscou e sua esposa estava nas últimas semanas de vida, Memórias do subsolo é considerado por muitos o ponto inicial da segunda fase do autor ― na qual publicaria suas mais aclamadas obras.
Alienado da sociedade e paralisado pelo peso da própria insignificância, o narrador deste livro conta a história de sua conturbada vida. Com fina ironia, ele relata sua recusa em se tornar mais um trabalhador e seu gradual exílio da sociedade que o cerca.”
Se você curtiu esta ideia sobre "Memórias do Subsolo", aproveite a visita para ler também "O Nariz".
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