Em “A Estepe (História de uma viagem)”, o leitor acompanha a viagem de um menino de aproximadamente nove anos que está em uma charrete percorrendo a estepe russa na companhia do tio Ivan Ivánitch Kuzmitchóv, do padre Khristofor Siríiski e do cocheiro Deniska.
O padre e o tio tinham o propósito de vender lã. O jovem Iegóruchka, por sua vez, começou sua viagem sem entender para onde e por que estava indo, mas não demorou a descobrir que partiu para estudar.
O texto é em terceira pessoa e apresenta um narrador que expressa a perspectiva do menino e também suas próprias impressões.
“A Estepe” não é uma história com aventuras, ações impactantes ou mesmo reviravoltas, mas sim uma viagem com ações da natureza, interações humanas, oscilações de sentimentos, momentos de encantamento e dificuldades.
“A profundeza insondável e a imensidão do céu só podem ser apreciadas no mar e na noite da estepe, quando a lua brilha. Terrível, belo e afável, o céu observa lânguido e sedutor, e sua brandura nos faz virar a cabeça.”
Foi meu primeiro contato com a escrita de Anton Tchékhov, e o que posso afirmar é que a novela tem algo especial que convida o leitor a apreciar e se aprofundar na leitura.
E, ao se permitir uma contemplação, fica impossível não refletir sobre as etapas da vida, os caminhos que percorremos, as pessoas que conhecemos, os relacionamentos que se estreitam ou que se afrouxam, os dias de sol, as tempestades pelas quais passamos, o medo que o desconhecido pode provocar em nós e o encantamento diante do novo.
Anton Tchékhov havia desenvolvido um estilo de escrita mais conciso, e “A Estepe” foi sua primeira tentativa de escrever uma narrativa mais extensa. A novela foi escrita em 1888, quando o autor tinha 28 anos.
Na história, é possível encontrar algumas semelhanças com fatos da vida do próprio autor, como uma viagem que ele havia feito um ano antes para Taganrog, sua cidade natal, à beira do Mar Azov. As características dos caminhos que ele percorreu se encaixam nas descrições de seu texto. Além disso, quando tinha 17 anos, Tchékhov adoeceu durante uma viagem.
“Quando contemplamos o céu profundo por muito tempo sem desviar os olhos, não se sabe por que, os pensamentos e a alma se fundem na consciência da solidão. Começamos a nos sentir irremediavelmente sós e tudo que antes achávamos próximo e familiar se torna infinitamente distante e sem valor.”
Se você curtiu esta ideia sobre A Estepe (História de uma viagem), aproveite a visita para ler também Uma Confissão.
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