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Resenha: Antes de partir

Antes de Partir

  • Autora: Colleen Oakley
  • Editora: Bertrand Brasil
  • Páginas: 393

Poucos dias antes da comemoração de três anos livre do câncer, Daisy descobre que precisará enfrentar mais uma batalha contra a doença. Porém, desta vez, ela recebe uma notícia que a desalenta: os tumores se espalharam por várias partes do corpo, e o seu tempo estimado de vida é de seis meses.

Percebendo seu pouco tempo de vida, Daisy começa a pensar em como seu marido viverá sem tê-la por perto. Então, movida por esse sentimento, ela decide encontrar uma esposa para Jack.

Daisy começa a gastar o seu tempo em redes sociais, eventos e cafeterias procurando a companheira ideal para o seu marido. Ela até se distancia do esposo para que ele não sofra ainda mais com a sua partida. Contudo, ao reconhecer a própria humanidade, Daisy percebe que o seu tempo é curto e que, no momento, o que ela precisa é simplesmente estar na presença das pessoas que ama.

Considerações

Conhecemos a história pela perspectiva da Daisy. Então, acompanhamos todo o processo da personagem: a descoberta do retorno da doença, o desconforto de informar aos mais próximos, a impaciência ao lidar com conversas motivacionais e as reações do seu corpo.

Vemos o carinho e o amor que ela sente pelo marido, tanto que, em vez de pensar na própria situação, ela se preocupa primeiro com Jack.

Jack é um homem bonito, inteligente, é veterinário e está prestes a conseguir o seu segundo diploma. Quando descobre a doença da esposa, ele se mostra companheiro e se dispõe a acompanhá-la em consultas e tratamentos, mas Daisy, na maioria das vezes, tenta impedi-lo. Ela só quer que ele se forme antes da sua partida.

Por mais que eu reconhecesse a nobreza das atitudes de Daisy, durante a leitura, em alguns momentos, irritei-me com a protagonista, pois ela estava usando o pouco tempo que lhe restava com coisas que não a deixavam feliz. Além de tudo, a missão de amenizar o futuro sofrimento do marido estava causando mais dor e afastamento. Ela perdeu muito do seu pouco tempo até finalmente entender o que era essencial naquele momento.

“A urgência com que eu costumava viver a vida, de repente, parece desnecessária. Sempre ansiando por algo — que Jack se formasse, que o verão chegasse aqui, às sextas-feiras. Agora desejo segundas-feiras que durem a semana inteira e raios de sol que não queiram se render ao luar.”

É uma história comovente, que fala de uma forma diferente sobre como lidar com perdas e que traz aprendizados, como: saber reconhecer o que verdadeiramente importa, entender que tudo tem o seu tempo e aceitar que não podemos controlar todas as coisas.

 

“AGORA QUE ESTOU morrendo, o céu parece maior. Ou talvez seja eu que me sinto menor. Ou talvez seja só quando se está morrendo, ou não, que a pessoa realmente para a fim de observar a vastidão azul suspensa acima dela, que ela não pode deixar de se sentir irrelevante. Impressionada com o quanto sua vidinha é insignificante na grande escala das coisas.”

 Se você curtiu esta resenha, aproveite a visita para ler também: “Resenha: Confesse”.


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